A Fifa tomou
como um gesto de desrespeito a decisão da presidente Dilma Rousseff de
não ir à final deste domingo no Maracanã entre Brasil e Espanha pela
Copa das Confederações. Tradicionalmente, a presidente do país sede do
torneio está na decisão e entrega a taça ao campeão. Neste sábado, parte
da cúpula da Fifa que conversou com a reportagem não escondia surpresa
diante da decisão da chefe-de-estado de não viajar ao Rio de Janeiro.
Apesar da ausência de Dilma, a ala VIP do estádio do Maracanã estará
lotada de políticos.
Dilma
foi vaiada no jogo de abertura, em Brasília, e decidiu que, diante dos
protestos nas ruas e de sua queda de popularidade, não seria o momento
de aparecer num estádio, mesmo que seja no evento-teste para a Copa do
Mundo e uma espécie de cartão de visita do País.
Parte dos
funcionários da Fifa tentavam entender a decisão de Dilma de não estar
no estádio. "Isso é bom ou ruim para ela?", questionou um deles. Para
outros mais próximos da presidência, a atitude é um "gesto de
desrespeito".
A relação
entre governo e Fifa já não era das melhores. Mas um dos legados do
torneio será um esfriamento ainda maior dos contatos. O governo ficou
irritado com os comentários da Fifa sobre as manifestações e com as
cobranças por mais segurança.
Se Dilma não
estará no estádio, o Maracanã não sentirá falta de políticos. Além de
governadores e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, deputados, vereadores e
senadores estão sendo aguardados na tribuna de honra.
Nas
arquibancadas, a torcida já indicou nos meios sociais que irá usar a
final para protestar. Nas ruas que dão acesso ao Maracanã, milhares de
pessoas prometem protestar. O estádio estará blindado por mais de 6 mil
policiais.
Para fontes
na Fifa, a situação chega a ser irônica. Afinal, o governo brasileiro
quer usar justamente os megaeventos esportivos para se promover no
exterior e as autoridades não têm economizado recursos para o marketing
baseado no torneio.
Até mesmo a
Agência de Promoção das Exportações, ligada ao Ministério do
Desenvolvimento, se transformou em associada da Fifa, pagando uma cota
de patrocínio de R$ 20 milhões. Já o BNDES e diversos outros órgãos
foram fundamentais em bancar estádios e infraestrutura para o evento.
Para outro
experiente cartola, o que surpreende é o contraste em relação à
participação de outros chefes-de-estado em torneios similares. Em 2009, o
capitão da seleção brasileira na época, Lúcio, recebeu o troféu de
campeão das mãos de Jacob Zuma, presidente sul-africano. Zuma ainda
participou de todos os jogos em Johannesburgo, num esforço de mostrar o
compromisso do governo com o torneio. Em 2005, na Alemanha, a cúpula do
governo de Berlim também se fez presente.
Fontes
próximas ao presidente Joseph Blatter insistem que o cartola suíça
"entendeu" a decisão política de Dilma. Mas considerou que sua atitude
mostra que o governo não está sempre disposto a bancar o evento e que
cálculos políticos pesam mais que o torneio em si. "O que parece é que,
quando as coisas vão bem, o Brasil quer usar a Copa para se promover.
Mas quando não funciona ou há uma crise, todos querem se dissociar do
futebol", comentou um membro do Comitê Executivo da entidade, que pediu
anonimato.
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