A HISTÓRIA
DE SANTA FELÍCIA
Informa
uma antiga lenda Jacobea, uma curiosa história
relacionada com Santa Felicia e seu irmão
Guillermo. Santa Felicia uma jovem e bela, era filha
da poderosa casa provençal dos duques de Aquitania,
figura entre os devotos da nobreza européia
medieval que fizeram a peregrinação
a Santiago.
Conta à lenda, que um belo dia a jovem
com somente 17 anos, decidiu peregrinar a Santiago
de Compostela. Seu pai e seu irmão, preocupados
com os perigos que poderia correr à jovem
com tão pouca idade, tentaram convencer
a não efetuar a peregrinação.
Nada pode demovê-la do seu intento e em uma
certa manhã se pôs a caminho acompanhada
de um importante séquito.
Durante a viagem tomou contato com milhares de
peregrinos famintos, doentes e muitos com os corpos
deformados a procura da redenção
de seus pecados. Dormiu em albergues caros, no
entanto visitou locais aonde hospedavam os indigentes,
enfrentou a morte e ajudou curar feridos nos hospitais.
Seu coração ia se transformando
a medida que avançava em direção à tumba
do Apóstolo Tiago. Quando chegou a Compostela,
sua decisão já havia sido tomada.
Enviou uma carta a seus pais por um peregrino que
retornava a Aquitania. “Amados padres y hermano
mio. Mi vida está en la oración y
en el trabajo. No regresaré ao lujo de la
corte. Os quiere, Felicia”.
Na volta de sua viagem, já como peregrina
Felicia decidiu desfazer-se de todas as suas possessões
mundanas e ficar como eremita no pueblo de Amocain,
dedicando-se ao serviço dos peregrinos jacobeos
que passavam por aquela região.
Ao saber da decisão da santa mulher, seu
irmão Guillermo, o poderoso duque de Aquitania,
a mando do seu pai, saiu em sua busca, e ao encontrar,
pobre e humilde naquele rincão afastado
na Espanha, morando em uma pequena ermida que ela
própria construiu com suas mãos para
cuidar dos pobres e louvar a Deus, rogou e suplicou
com lágrimas nos olhos que voltasse a sua
vida anterior no rico ducado de sua família.
Quando esta se negou a cumprir com o mandato de
seu pai, Guillermo, cheio de raiva e arrebatado
por uma insana loucura, matou-a a punhalada no
interior da ermida.
A duque, voltando a si e vendo seu crime, arrependeu-se
a ponto de ir a Roma pedir perdão ao Papa,
que, como penitência, obrigou-o a efetuar
a peregrinação a Compostela. Depois
de efetuar por sua vez a peregrinação à tumba
do Apóstolo, no seu regresso, tocado pelo
arrependimento e pela fé, permaneceu em
Obanos morando na ermida que sua irmã havia
construído, continuando as obras pias que
havia começado com a sua santa irmã.
Chorou seu grande pecado até a sua morte.
Atualmente um humilde sulco a beira do caminho
que sobe a Ermida de Santa María de Arnoteguí,
recorda estes feito, bem como a presença
dos restos da antiga ermida de Santa María.
O corpo de Santa Felícia encontra-se hoje
na aldeia de Labiano, ao norte de Pamplona e o
de seu irmão está na capela de Arnoteguí,
onde passou o resto de sua vida em penitência.
Anualmente em Obanos se representa a peça “El
misterio de Obanos”, uma dramatização
da lenda dos Santos Felicia e Guillermo, escrita
pelo Canónigo Don Santos Beguiristáin,
oriundo de Obanos. Na sacristia da igreja de San
Juan Bautista, também em Obanos, conserva-se
como relíquia o crânio de San Guillermo
moldada em prata. Por uma tradição
original, todos os anos, na quinta feira da Páscoa,
distribuem-se no pueblo vinho com água passado
pela venerável relíquia.
O crânio de San Guillermo, moldado em prata,
possui grandes orifícios na parte alta e
na sua parte inferior. Colocado em um altar improvisado,
derrama-se vinho pelo furo superior que é recolhido
quando sai pela base, sendo o mesmo distribuído
a todos aqueles que na ocasião estiverem
presentes. Diz-se que esse vinho, consagrado pela
passagem através do crânio do santo,
possui propriedades curativas para muitas das enfermidades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário